sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Pioneiros de Estudos Epidemiológicos na Doença Cardiovascular

São apresentadas, resumidamente, a vida e a obra dos grandes pioneiros da cardiologia preventiva do século XX, que estiveram na origem do “Seven Countries Study” e do “Framingham Hearty Study”. O contributo de ambos os estudos foi decisivo na mudança para um estilo de vida mais saudável, e no combate aos efeitos da hipercolesterolemia e do consumo de gorduras saturadas como factores de risco cardiovascular e de todas as causas de mortalidade.

Biorreologia e Hemorreologia- Origens e Evolução

O termo Reologia, como designação da “ciência da deformação e fluxo da matéria”, foi proposto por Eugene C. Bingham em 1929, no dia da fundação da American Society of Biorheology, em Washington. Em 1948, Copley, na conferência inaugural que proferiu no 1º Congresso Internacional de Reologia, introduziu pela primeira vez o termo Biorreologia. No seu conceito original, a biorreologia englobaria o “estudo da deformação e do fluxo da matéria”. Posteriormente, a designação da biorreologia foi alargada aos sistemas biológicos vivos e às matérias provenientes dos organismos, assim como às substâncias não biológicas utilizadas em meios nos organismos biológicos. Poderá dizer-se que a história da hemorreologia começou em 1951, em Chicago, na reunião comemorativa do 25º aniversário da American Institute of Physics, promovida pela American Society of Rheology. Copley propôs naquela reunião, também pela primeira vez, o termo Hemorreologia para englobar as “propriedades deformáveis e do fluxo dos constituintes celulares e plasmáticos do sangue, bem como copropriedades reológicas das paredes vasculares em interacção directa com o sangue". São apresentadas listas de todos os Congressos realizados, principais jornais científicos e galardões internacionais estabelecidos no âmbito daquelas temáticas.
Clique aqui

Leonardo Da Vinci e as Primeiras Observações Hemodinâmicas

Leonardo da Vinci foi um génio cujas realizações e pensamentos nos chegaram até hoje cinco séculos depois, com a frescura da inovação e a curiosidade da descobertas. Esta breve revisão é iniciada por um resumo da vida de Leonardo e pela referência às obras de arte mais relevantes que nos legou, para se concentrar no que terá sido o seu último grande desafio. Em determinado momento o entusiasmo do artista foi cedendo lugar ao do estudo da anatomia humana, não só para aperfeiçoar o traço de desenho mas, mais do que isso, para compreender o funcionamento do que, antes, era para Leonardo somente uma representação morfológica. Entre os seus interesses destaca-se o estudo do coração e dos vasos sanguíneos, que observou cuidadosamente em animais e autópsias humanas, para os reproduzir em desenho de qualidade superior junto com anotações de espantosa perspicácia. A experiência que adquirira ao observar os movimentos da água em condições de corrente e obstáculos, e as conclusões hidrodinâmicas que então obtivera, foram cruciais para a interpretação dos mecanismos do coração e da corrente sanguínea, a que se dedicou persistentemente entre cerca de 1508 e 1513. Desses estudos, eternizados em desenhos de grande clareza, ressaltam os primeiros registos hemodinâmicos conhecidos, em que Leonardo evidencia as características do fluxo sanguíneo na aorta e grandes vasos e a importância do refluxo e dos redemoínhos pós-valvulares para o encerramento da válvula aórtica. Pela observação persistente e cuidada, e pela dedução, Leonardo antecipou respostas sobre pormenores hemodinâmicos que só recentemente, com tecnologia avançada, foram confirmados.
https://dl.dropboxusercontent.com/u/4746082/Public-histories%20of%20medicine/Leonardo%20Da%20Vinci%20e%20as%20Primeiras%20Observa%C3%A7%C3%B5es%20Hemodin%C3%A2micas.pdfClique aqui

Leonardo da Vinci, um Polímata da Renascença

Leonardo da Vinci foi um pioneiro e também um notável visionário numa grande diversidade de áreas, tais como em artes, engenharia, anatomia, fisiologia, geologia, geografia e outras. Natural de Florença, Leonardo fez a sua auto-aprendizagem em diversos assuntos em que não tivera educação formal, vindo a ser uma notável individualidade da Renascença, que permanece viva através do seu legado de ideias e contributos. O presente trabalho resume brevemente a vida de Leonardo da Vinci, os seus primeiros anos de aprendizagem artística, as obras que o consagraram como exímio pintor e artista (que acreditava ser a arte a expressão da ciência), o observador curioso de animais, da botânica e das características geológicas da Natureza que o rodeava, o anatomista meticuloso que estudava e desenhava o corpo humano, comparando-o com o de animais, de que resultaram extraordinárias deduções fisiológicas e patológicas, algumas das quais antecipando em mais de cinco séculos o que viria a ser confirmado na actualidade.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Breve Historial sobre a Criação e Evolução de um Centro de Invetigação sobre MIcrocirculação na Faculdade de Medicina de Lisboa

São apresentadas as principais etapas que conduziram, desde 1987, à criação de um Centro de Estudos da Microcirculação,integrado no Instituto Nacional de Investigação Científica (INIC) em 1987, como Centro Pluridisciplinar de Microcirculação (CPDM)da Faculdade de Medicina de Lisboa (FML) . Após a extinção do INIC, o CPDM foi integrado na Universidade(1992), ficando adstrito à FML desde 1994. Nesta data projecto inicial evoluiu para o formato de Centro de Estudos da Microcirculação e Biopatologia Vascular (CEMBV), reconhecido e patrocinado financeiramente pela Fundação de Ciência e Tecnologia.Entre 2001 e 2002 o CEMBV associou-se em consórcio com mais quatro centros de investigação instalados na FML (Centro de Biologia e Patologia Molecular, Centro de Gastroenterologia, Centro de Neurociências e Centro de Nutrição e Metabolismo). Em Novembro de 2002 aquele consórcio de centros de investigação, a que se associaram outras unidades de investigação de mérito equivalente (Centro Regional de Lisboa do Instituto Português de Oncologia de Francisco Gentil), deu corpo ao Instituto de Medicina Molecular (IMM)7 criado ao abrigo do programa Laboratórios Associados do Ministério da Ciência e Tecnologia, com sede na Faculdade de Medicina de Lisboa. Em 1 de Abril de 2003, de acordo com o estatuto de constituição do IMM, o CEMBV foi dissolvido e, em seu lugar, foram criadas duas unidades do Instituto de Medicina Molecular, uma baseada no Instituto de Bioquímica (Unidade de Biopatologia Vascular) e outra no Instituto de Fisiologia (Unidade do Sistema Nervoso Autónomo).

Ética Médica: Factos e Conflitos da Ciência Médica (2ª Parte)

Da Eugenia ao Holocausto.

As políticas de reforma social defendidas no início do século XX por alguns governos ocidentais incluíam a melhoria e preservação da “pureza da raça e do padrão físico, mental e de comportamento dos seus cidadãos”, inspiradas no movimento científico criado por Francis Galton em finais do século XIX. Os argumentos invocados pelo movimento eugenicista tiveram, nas primeiras décadas do século XX, uma rápida aderência pública, em especial por parte de cientistas, médicos e profissionais de saúde mental de diversos países da Europa Ocidental (sobretudo da Escandinávia, Reino Unido e Alemanha) e da América do Norte (Estados Unidos e Canadá). Entre 1910 e 1930, praticamente todos os livros então publicados sobre hereditariedade incluíam textos sobre a eugenia, a qual, junto com a higiene racial, era também matéria de ensino obrigatório em destacadas escolas médicas e na formação pós -graduação médica na década seguinte, particularmente na Alemanha nazi. Nesta mesma época assistiu -se a profunda interacção entre a investigação desenvolvida em instituições universitárias alemãs, no âmbito da eugenia e higiene racial, e a sua aplicação à política do III Reich.No presente trabalho são apresentadas as origens e princípios da Eugenia e as consequências da respectiva aplicação a determinados grupos populacionais, designadamente, pela esterilização coerciva e o extermínio físico.O Código de Nuremberga, a Declaração de Geneva e a Declaração de Helsínquia representam medidas correctoras estabelecidas nas décadas de 50 e 60 do século XX com o intuito principal de impedir a repetição daquelas anteriores atrocidades e violação dos direitos humanos fundamentais, extensivos à investigação médica.

Ética Médica: Factos e Conflitos da Ciência Moderna (Parte I)

Alguns Casos de Ética Irregular ou Censurável em Experimentação Humana, nos Séculos XVIII e XIX.

O Juramento de Hipócrates simboliza a aceitação pelo aluno/futuro médico de um conjunto de normas de comportamento da Arte Médica que remontam à Antiguidade e à escola que Hipócrates (c.460 -370 AC) fundou na ilha de Cós. De então até hoje, a declaração tem sido adaptada às sensibilidades e circunstâncias de cada época, ainda que sem alteração relevante no significado. A par de muitas e memoráveis intervenções, demonstrativas de interiorizado espírito de missão e dedicação insuperável em prol dos doentes e da comunidade, a história antiga e contemporânea inclui também, infelizmente, exemplos lamentáveis e contrários aqueles propósitos, protagonizados por médicos no exercício da sua profissão.Para obviar situações eticamente incorrectas tem havido grande empenhamento a nível mundial, por parte das autoridades médicas e governamentais, no sentido de regulamentar os direitos humanos, em particular quando no âmbito de estudos e outros tipos de intervenção médica em doentes e respectivos produtos biológicos. Porém, estas normas, por si só, não têm evitado, infelizmente, a ocorrência de novos focos de má conduta ética, no âmbito da investigação médica e biomédica. Na primeira partedo tema que agora se inicia, será dado destaque a algumas das experiências documentadas que foram realizadas em humanos nos séculos XVIII e XIX e que exemplificam situações clínicas eticamente reprováveis, ainda que ocorrentes numa época em que este tipo de preocupações não era ainda sistematicamente escrutinado.O primeiro dos casos decorreu no contexto da descoberta da vacinação anti-variólica , por Edward Jenner, c. 1796. O segundo exemplo incide no processo que o cirurgião militar William Beaumont utilizou para esclarecer o mecanismo da digestão humana, considerado um dos principais sucessos da fisiologia do século XIX.O terceiro caso inclui os procedimentos seguidos por Arthur H Wentworth, médico do Children’s Hospital e Harvard Medical School, c. 1895,com o propósito de estudar a reacção à dor. Para o efeito, colheu líquido raquidiano 29 crianças (com idades entrealguns meses e poucos anos).

Da Descoberta da Circulação Sanguínea aos Primeiros Factos Hemorreológicos (2ª Parte)

Nesta segunda e última parte é recordada, em suas secções (A e B) a contribuição de mais duas personalidades geniais, respectivamente Marcello Malpighi e Antoine Van Leeuwenhoek, os quais, pela originalidade dos seus trabalhos, confirmaram as observações pioneiras de Harvey, completando-as ainda com factos relevantes. Malpighi aplicou o microscópio óptico, até então quase só utilizado como o curiosidade mundana, ao estudo in vitro de componentes dos tecidos corporais de varias espécies. Deste conjunto de observações pioneiras destaca-se a visualização, pela primeira vez, das estruturas capilares e dos glóbulos sanguíneos, de que resultaram a definição da composição do sangue e a conceptualização, inédita, sobre a respectiva fluidez. Adicionalmente, Malpighi confirmou a continuidade (estrutural e funcional) da circulação sistémica, que Harvey não tivera possibilidade de demonstrar. Por seu lado, Van Leeuwenhoek, apesar de desprovido de preparação académica soube ver, através de lentes por ele construidas, as particularidades microscópicas da natureza orgânica e inorgânica que o rodeavam. Entre inúmeras e pormenorizadas observações em todo o tipo de matéria, merecem destaque as conclusões que obteve sobre a natureza do sangue e dos glóbulos vermelhos, a que atribuiu a coloração própria do sangue arterial e venoso. Calculou com rigor apreciável a dimensão dos eritrocitos. Soube distinguir o sangue arterial do venoso, confirmou a função cardíaca como origem do impulso propulsor do sangue pelas artérias e da ritmicidade do pulso e compreendeu o retorno do sangue ate a coração por vasos diferentes, as veias. Visualizou a bifurcação das artérias em vasos com dimensões cada vez mais estreitas ate formarem redes capilares que originavam, por seu lado, canais venosos sucessivamente mais alargados. Demonstrou a existência de anastomoses arterio-venosas. Verificou o fenómeno da sedimentação do sangue e a deformabilidade dos eritrocitos (que variava entre a forma original, discóide ou oval, observada nos troncos vasculares mais volumosos até às formas achatadas, adaptáveis ao diâmetro dos vasos mais estreitas). Neste aspecto distinguiu as características da circulação dos eritrocitos e as alterações subsequentes a coagulação sanguínea, sendo um introdutor perspicaz de conceitos hemorreológicos aplicados à medicina.

Da descoberta da Circulação Sanguínea aos Primeiros Factos Hemorreológicos (1ª Parte)


Neste artigo, o primeiro de duas partes sobre o mesmo tema, procede-se a uma breve revisão histórica sobre os conceitos que prevaleceram, relativamente à natureza do sangue e circulação sanguínea, desde a Antiguidade e até à resolução do problema por William Harvey, no século XVI. Pela vivissecção de diversos tipos de animais, pôde Harvey definir um modelo geral e lógico para toda a circulação sistémica que contradizia conceptualizações anteriores, designadamente as que haviam sido definidas por Galeno, cerca de catorze séculos antes. A influência que Galeno ainda exercia sobre, virtualmente, todos os assuntos médicos terá justificado as hesitações e escrúpulos de Harvey, que publicou somente as suas conclusões treze anos depois de as ter obtido. Também explica a polémica estabelecida com colegas sobre o assunto, que se manteve até ao seu falecimento. Todavia, através de cuidadosa observação e investigação perseverante, Harvey demonstrou claramente que o coração era o órgão central do sistema, de que dependia a
propulsão do sangue para as artérias e, depois o seu retorno por vasos diferentes, as veias, até ao ponto de partida. O sangue proveniente do coração seria diferente do que regressasse aquele órgão, atribuindo essa diferença (em cor e fluidez) à presença de conteúdos próprios, nutritivos para o organismo por ele irrigado. Caracterizou a pulsação sanguínea como resultante do enchimento das artérias pelo sangue arterial veiculado a cada contracção cardíaca. Revelou que o sangue arterial saía do coração pela contracção do ventrículo esquerdo, a qual ocorria em simultâneo com a do ventrículo direito e, em ambos, depois da contracção das aurículas. Confirmou que o sangue passava do ventrículo direito para a aurícula esquerda e, desta, para o ventrículo esquerdo, através da circulação pulmonar. Pelo cálculo do volume de sangue debitado diariamente pelo coração, considerou que o sangue não poderia ser consumido pelo corpo e teria de circular continuamente pelo coração e rede vascular. Ainda que não tenha confirmado completamente a continuidade da rede circulatória, não deixou de considerar a existência de passagens minúsculas ou imperceptíveis entre as artérias e veias, que seriam posteriormente confirmadas, por Marcello Malpighi, sob a forma de redes capilares. O sentido unidireccional do fluxo sanguíneo era assegurado também por válvulas presentes no coração e nas veias. O modelo estabelecido por Harvey para a circulação sanguínea foi extrapolado para o Homem sendo corroborado nos séculos seguintes. Malpighi e, depois, Van Leeuwenhoek contribuíram, em especial, para um melhor esclarecimento da composição e características do sangue e a importância exercida sobre a respectiva perfusão através dos diferentes vasos da rede circulatória.

A Cardiopatia Isquémica como Exemplo de um Evento Trombótico. Nota Histórica

A definição da cardiopatia isquémica como entidade clínica de etiologia trombogénica foi estabelecida em 1912 por James Herrick. Na origem desta proposta destacam-se os trabalhos de William Heberden que, em 1772, definiu o quadro clínico da angina pectoris e, cerca de um século mais tarde, as observações de Edward Jenner, que evidenciou trombos intracoronários em doentes falecidos com aquela sintomatologia. Fundamentando-se nos anteriores resultados, Jenner e Caleb Parry propuseram que a causa principal da «doença anginosa» tinha origem em alterações das artérias coronárias, sendo a morte súbita naqueles doentes atribuída por Marshall Hall, em 1842, à interrupção da circulação coronária. A existência de uma causa comum para a angina e o enfarte do miocárdio, de que resultaria a diminuição ou privação do fornecimento de oxigénio relativamente às necessidades de oxigenação do miocárdio, a etiologia aterosclerótica das lesões intracoronárias e a importância da fissura das placas de ateroma na formação súbita de trombos intracoronários, foram etapas sucessivamente ultrapassadas durante o século XX, culminando um percurso de observação meticulosa iniciado muito antes.

Bioquímica em Cardiologia: Estudo da Função Respiratória e da Reologia do Sangue na Cardiopatia Isquémica e na Hipertensão Arterial

O estudo da função respiratória do sangue em doentes com cardiopatia isquémica e hipertensão arterial constituiu o ponto de convergência para um trabalho conjunto de três décadas, em grande parte desenvolvido por uma unidade das ciências básicas da Faculdade de Medicina de Lisboa (o Instituto de Bioquímica/Química Fisiológica, actualmente Instituto de Biopatologia Química) e duas unidades do Hospital de Santa Maria (Unidade de Tratamento Intensivo Coronário e Serviço de Medicina I/ Unidade de Estudos de Hipertensão Arterial). Os resultados daquela partilha de esforços foram expressos em cerca de uma centena de artigos publicados e comunicações em reuniões científicas nacionais e internacionais.Genericamente foi constatado que aquelas duas situações clínicas evoluem a par de alterações do metabolismo eritrocitário e ou da afinidade da hemoglobina para o oxigénio, que representariam uma resposta da adaptação à hipóxia ou isquémia periférica instaladas. Na origem daquelas repercussões teciduais foram evidenciados, com frequência, distúrbios hemorreológicos significativos, designadamente, diminuição da deformabilidade eritrocitária, aumento da viscosidade plasmática, hiperfibrinogenemia e/ou aumento da contagem leucocitária. A rigidez eritrocitária seria em parte, atribuível à modificação da composição lípido-proteína do mecanismo globular, de que resultou maior microviscosidade membranar. O aumento da viscosidade plasmática, fibrinogénio e/ou da contagem leucocitária foi com frequência considerado um indicador prognóstico de repetição de eventos cardiovasculares ou morte precoce.

Asclepius e o Culto da Serpente


O culto de Asclepius nasceu na Antiga Grécia, cerca de 1200 a.C. Homero refere-se a Asclepius na Ilíada, como filho (mortal) de Apolo, (deus do Sol e da Verdade) e da bela mortal Coronis. Asclepius teria o poder de curar e, também, de ressuscitar os mortos. A representação tradicional de Asclepius associa-o a um bordão em que está enrolada uma serpente . É comum associar este conjunto à sabedoria médica.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Breve História do Raquitismo e da Descoberta da Vitamina D

Desde os primeiros casos de suspeita de raquitismo, referidos por Soranus e Galeno, mediaram cerca de dezoito séculos até a etiologia daquela doença ser esclarecida. O surto de raquitismo verificado no século XVII em Inglaterra fez que a situação fosse conhecida na época por «doença inglesa», sendo então apresentada a sua primeira descrição pormenorizada, por Francis Glisson. O agravamento da incidência do raquitismo com a Revolução Industrial acentuou as especula-ções sobre a sua origem e tratamento. A caracterização da luz solar e do espectro luminoso conduziu à identificação dos efeitos biológicos da radiação ultravioleta e ao descobrimento da fototerapia como processo terapêutico alternativo à irradiação solar. A obtenção de raquitismo experimental por Mellanby e McCollum deu suporte ao conceito que atribuía aquela situação a um defeito nutricional específico. Em alternativa era referida uma relação inversa entre a exposição à luz solar e a incidência do raquitismo. A identificação da natureza química de um factor essencial da dieta com acção anti-raquítica, o ergocalciferol (ou vitamina D2), a par com um outro factor com idênticas propriedades (ainda que mais potente), formado por irradiação solar da pele, o colecalficerol (vitamina D3), foram etapas iniciais para o esclarecimento, preven-ção e tratamento da doença. A presente revisão sumariza a história do raquitismo, a caracteri-zação e propriedades anti-raquíticas da luz e de suplementos dietéticos de natureza lipídica e a identificação das principais formas biológicas da vitamina D.

Anotações sobre a História do Ensino da Medicina em Lisboa, desde a Criação da Universidade Portuguesa, até 1911

Em rápida sequência são apresentados os acontecimentos que mais marcaram a história do ensino médico em Lisboa, a par de uma perspectiva geral sobre o tipo e estado de desenvolvi-mento da Medicina no País, no período que mediou entre a fundação do Estudo Geral de Lisboa em 1290 e a data da criação da Faculdade de Medicina, como unidade orgânica da Universidade de Lisboa, em 1911. Nesse enquadramento é caracterizado o tipo de cuidados de saúde prestados às populações no tempo do Condado Portucalense e séculos seguintes, os quais foram em grande parte organizados e ministrados por membros do clero em mosteiros, conventos e albergarias instaladas para o efeito. Posteriormente, é iniciado o ensino da Medicina no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, no século XII, que tem desenvolvimento com o envio de membros do clero para estudarem Medicina em universidade estrangeiras. Os primórdios dos estudos médicos em Lisboa são referidos a partir de 1290, no Estudo Geral, depois expandidos com a fixação da Universidade em Coimbra, em 1537. A medicina hospitalar em Portugal foi iniciada no Hospital de Todos-os-Santos, edificado em 1492. Até ao século XIX, além dos médicos diplomados por Coimbra, estavam autorizados a prestar cuidados de saúde os cirurgiões diplomados pelos
hospitais, a par com uma diversidade de outros profissionais igualmente com aprovação das autoridades de saúde. Progressivamente, a partir do século XVI, a Medicina herdada da Antiguidade, em particular pelos textos de Galeno e da escola islâmica, que fundamentavam a prática clínica da época, deu lugar a novas teorias médicas com a substituição dos conhecimentos empíricos pelos de base científica e também pelas doutrinas filosóficas e sociais emergentes. Embora essas modificações não se fizessem sentir em Portugal de modo determinante, em parte devido à expulsão da influente comunidade médica judaica e, também, à perda temporária da independência nacional, a qualidade do ensino praticado melhorou gradualmente. Todavia, somente a partir do século XVIII com a contratação de professores estrangeiros de renome, por iniciativa de D. João V e depois com a reforma pombalina da Universidade, houve um efectivo crescimento na qualidade do ensino médico em Portugal. Na sequência do terramoto de 1755, a tradição do ensino de cirurgia, que havia sido iniciada no Hospital de Todos-os-Santos (entretanto destruído), veio a ser retomada no Hospital Real de São José, através de um curso profissionalizante que habilitava cirurgiões e sangradores. Em 1825 é fundada a Real Escola de Cirurgia de Lisboa e uma sua equivalente no Porto. A Escola de Lisboa continuou alojada no Hospital de São José, sendo convertida (bem como a Escola do Porto), em 1836, na Escola Médico-Cirúrgica. Terminou oficialmente nesta data a diferença entre médicos e cirurgiões mas, somente a partir de 1880, esta posição começou a ser respeitada no preenchimento de lugares de cargos públicos e no acesso indiferenciado aos locais de prática clínica. Apesar de funcionar com grandes limitações estruturais, a Escola de Lisboa adquiriu renome, sendo o seu corpo docente
constituído por prestigiados professores e médicos que, a nível das especialidades em que foram pioneiros, muito contribuíram para o desenvolvimento da medicina nacional e da rede hospitalar de Lisboa, mais tarde aglutinada sob a designação de Hospitais Civis de Lisboa. Em 1911, a Escola Médico Cirúrgica foi transferida para o novo edifício do Campo de Santana, com a designação de Faculdade de Medicina de Lisboa, continuando o ensino hospitalar a ser assegurado nas enfermarias do Hospital de São José.

Clique aqui

A Medicina na Mesopotâmia Antiga-2ª parte

São apresentadas as características da medicina Mesopotâmica nas suas facetas principais: conceito de doença, curadores e prática. A doença era considerada um castigo divino ou resultante de uma influência maligna. Nessa base, a medicina começava por ser preventiva, pelo uso de amuletos apropriados, oferendas ou sacrifícios apaziguadores daquelas forças malignas. Por seu lado, o tratamento da generalidade das doenças privilegiava a expulsão daqueles espíritos e influências malignas do corpo do doente, purificando-o, pela intervenção específica de um ašhipu (clérigo-exorcista); não havendo resultados, o tratamento era prosseguido pelo asû (curador prático), que recorria a um conjunto de manipulações físicas, pequenos actos cirúrgicos e administração ou aplicação de prescrições medicamentosas variadas, resultantes da mistura de substâncias orgânicas e inorgânicas. Em caso de insucesso, os doentes poderiam recorrer aos serviços de um sacerdote-adivinho (bârû) que, pelo exame das vísceras de um animal especialmente sacrificado para o efeito, daria uma explicação final. Aparte esta faceta mais esotérica, substanciada em crenças religiosas e na magia, a medicina Mesopotâmica incluía conhecimentos racionais, decerto resultantes da observação sistemática dos doentes e interpretação da sua sintomatologia. Através desses conhecimentos referidos à época da Suméria, cuidadosamente anotados, refinados e transmitidos às gerações seguintes, foi construído um valioso conjunto de textos que abrangem a sintomatologia, diagnóstico e prognóstico das doenças mais comuns, actualmente identificáveis pela descrição interpretada.

A Medicina na Mesopotâmia Antiga-1ª parte

O presente trabalho resume os aspectos mais elucidativos sobre os fundamentos e a prática da medicina na Mesopotâmia Antiga, desde a invenção da escrita, há mais de 5000 mil anos, e o início da nossa era. AÉ apresentada uma breve perspectiva sobre a evolução política e social que caracterizou aquelas civilizações arcaicas, a par das invenções e conhecimentos mais relevantes para a posterior história da Humanidade. A maior parte do que se conhece sobre o assunto, bem como sobre a história e vivência político-social daquela região em épocas remotas, resultou da decifração laboriosa de muitas centenas de pequenas placas de argila com textos gravados em escrita cuneiforme descobertas, a partir da segunda metade do século XIX, nas ruínas das principais cidades dos antigos impérios Babilónico e Assírio.
Clique aqui

domingo, 15 de agosto de 2010

Bioquímica em Medicina (LIVRO). Volume III- Temas e Mapas Metabólicos

VOLUME III
Temas e Mapas Metabólicos de Bioquímica Fisiológica
Capítulo 6 – Problemas e casos clínicos de aplicação bioquímica
26 – Temas de Bioquímica Fisiológica.
27 – Temas de Bioquímica Fisiológica (Colectânea de problemas e casos
clínicos seleccionados para o ensino-aprendizagem de estudantes de
Medicina na disciplina de Bioquímica Fisiológica,de 1998 a 2005).
Capítulo 7 – Diagramas
28 – Mapas metabólicos e outros esquemas

Clique aqui

Bioquímica em Medicina (LIVRO). Volume II-Metodologias e Programas de Estudo

VOLUME II-Metodologias e Programas de Estudo
Capítulo 4 – Programas de Estudo
18 – Programas de estudo (Programas, sumários e procedimentos seguidos
nas disciplinas de Bioquímica e Bioquímica Fisiológica. Faculdade de
Medicina da Universidade de Lisboa)
19 – A aprendizagem de bioquímica por métodos experimentais
20 – Curso de iniciação à investigação científica – uma experiência pedagógica
no âmbito da bioquímica
21 – Uma experiência de ensino-aprendizagem baseado em problemas com
alunos de medicina sem aproveitamento anterior em bioquímica fisiológica
Capítulo 5 – Metodologias
22 – Estágio de investigação laboratorial em bioquímica: acção in vitro e in
vivo do LPS
23 – Cursos livres de bioquímica experimental para alunos de medicina:
15 Anos de uma Iniciativa Pedagógica
24 – Seminários pré-graduados de bioquímica: uma proposta didáctica para
melhorar a interacção intra e interdisciplinar no curso de medicina
25 – Seminários multidisciplinares de bioquímica (1989/90-2006-07)

Clique aqui

Bioquímica em Medicina (LIVRO). Volume I- Análises e Perspectivas

A colectânea que se apresenta engloba vinte e seis anos da vivência da área da Bioquímica no curriculum da licenciatura de medicina na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, (FMUL).
OsEditores foramresponsáveis pedagógicos pelo ensino de duas disciplinas, a Bioquímica (designada por Bioquímica Celular depois de 1994, foi regida por JMS entre 1978 e 1994 e, deste ano a 2005, por CS) e a Bioquímica Fisiológica (regida de 1994 a 2005 por JMS, também
coordenador da área).
O texto está subdividido por três volumes.

Volume I- Análises e Perspectivas
Prefácio
Capítulo 1 – Acesso ao Ensino de Bioquímica em Medicina
e Avaliação Diagnóstica de Conhecimentos
1 – Preparação real dos alunos candidatos ao curso de Medicina, na área da
química.
2 – Ensino de bioquímica.
In: Boletim FML 1986; 16:1-2
3 – Apreciação de uma avaliação diagnóstica precedente ao ensino de bioquímica
em 1986/1987.
4 – Avaliação diagnóstica dos interesses, vivências e conhecimentos de
química dos alunos admitidos à FML em 1989/1990.
5 – Acesso à Faculdade de Medicina de Lisboa. Avaliação dos conhecimentos
específicos de química e perfil sócio-cultural dos alunos admitidos
nos anos lectivos de 1989/90 e 1990/91.
6 – Análise de alguns factores académicos e demográficos potencialmente
preditores do rendimento na disciplina de bioquímica pelos estudantes
de medicina admitidos na Faculdade de Medicina de Lisboa em
1990/1991.
6 Acesso ao Ensino de Bioquímica em Medicina
7 – Proposta de re-estruturação das perguntas de química nas provas específicas
de biologia, física e química e suas implicações.
8 – Insuficiente escolaridade de química orgânica do ensino pré-universitário
Português.
9 – Um cuidado adicional na pré-graduação.
10 – Hábitos de estudo e estilos de aprendizagem dos alunos do 1º ano da
Faculdade de Medicina de Lisboa – caracterização e evolução.
11 – Self-learning habits of students.
Capítulo 2 – Bioquímica na formação médica
12 – Relevância da bioquímica no curriculum médico. Ensaio sobre a educação
médica e a sua dependência da investigação e ciências experimentais.
13 – A bioquímica no progresso médico.
14 – Considerações sobre algumas modalidades de formação pós-graduada
em bioquímica patológica.
15 – Ensino pós-graduado em bioquímica.
Capítulo 3 – Relatórios Pedagógicos
16 – Relatório pedagógico. – J. Martins e Silva, 1978
17 – Relatório pedagógico. – Carlota Saldanha, 2004

Clique aqui

Um Projecto em Educação Médica.II (LIVRO)

Continuação da apresentação de conteúdos.

Volume II-
III – PROJECTO DA REFORMA CURRICULAR DA FML
6. Ciclo Clínico;7. Formação de docentes; 8. Avaliação;9. Acesso;10.Numerus clausus e rácio docente/discente
IV – APOIO ESTRUTURAL À REFORMA CURRICULAR
V – FORMAÇÃO MÉDICA CONTÍNUA
VI – HOMENAGENS E OUTRAS INTERVENÇÕES ACADÉMICAS
VII – PERSPECTIVAS E PREVISÕES

Posfácio

Clique aqui

Um Projecto em Educação Médica. I (LIVRO)

O presente livro reúne, em dois volumes, cerca de centena e meia de intervenções publicadas, entre 1983 e 2005, sobre assuntos directa e indirectamente relacionados com a Educação Médica. Exceptuando dois dos trabalhos, elaborados em colaboração (nos 77 e 111), os restantes são perspectivas pessoais apresentadas como ensaios, comunicações, entrevistas, prefácios, discursos, editoriais ou outra forma de opinião (conforme se indica no índice), enquanto presidente de duas Sociedades Científicas (Sociedade Portuguesa de Educação Médica, SPEM, e Sociedade Portuguesa de Hemorreologia e Microcirculação, SPHM) e como docente e director da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FML).A preparação e desenvolvimento de um novo programa curricular para a formação médica pré-graduada em Portugal e, particularmente, na FML, constituem o cenário em que foi elaborada a maioria dos textos da presente colectânea. Os textos que abordam, directa ou indirectamente, as diferentes etapas de renovação curricular são opiniões pessoais, a par de outras que referem aspectos menos positivos daquela caminhada que, não poucas vezes, influenciaram a marchados acontecimentos para o seu objectivo final.Em complemento dos trabalhos que incidem sobre o projecto curricular são referidas outras questões pertinentes. Neste conjunto inclui-se análise dos mecanismos de acesso e selecção dos futuros estudantes de Medicina, incorporação da investigação científica na educação médica, a preparação de profissionais competentes e actualizados, a dinamização da formação contínua e a educação pedagógica de docentes adequados à uma nova dinâmica educacional. Por fim, são referenciadas algumas sessões académicas que,pelo significado, me parecem particularmente significativas.


VOLUME I:


Nota Biográfica do Autor;Índice; Agradecimentos;Prefácio; Apresentação da obra; Siglas de clssificação dos textos
I-CIÊNCIA E CULTURA NUMA SOCIEDADE EM MUDANÇA1. Ensino superior; 2.Formação Médica;3.Investigação.
II – O ENSINO MÉDICO EM PORTUGAL – ASPECTOS HISTÓRICOS
III – PROJECTOS DE REFORMA CURRICULAR NA FML- 1.Aspectos Conceptuais;2. Objectivos;3. Constrangimentos;4.O 6.º Ano.5. Áreas Optativas (Continua).

Clique aqui

Biopatologia Vascular e Sanguínea (LIVRO)

Colectânea de oito textos publicados anteriormente sob a forma de artigos de revisão e como único autor:
1- Glóbulo Vermelho- Estrutura, Metabolismo e Funções (1974);
2-Factores Intervenientes no Controlo da Microcirculação e da Oxigenação Tecidual (1977);
3-Oxigenação Tecidual- Mecanismos, Anomalias e Consequências Metabólicas (1981);
4- Função Respiratória do Sangue I-Integração no Sistema de Transporte de Oxigénio (1981);
5-Reologia do Sangue- Importância da Deformabilidade Eritrocitária (1982);
6- Função Respiratória da Sangue II-Contribuição da Metabolismo Eritrocitário (1984);
7-Aspectos Hemorreológicos da Circulação Humana (1984);
8-Bioquímica da Isquémia I-Fornecimento e Consumo de Oxigénio pelos Tecidos em Geral (1984)
Clique aqui

Porfirinas e Porfírias (LIVRO)

Colectânea de três artigos sobre “Metabolismo das Porfirinas” publicados na Revista das Ciências Médicas da Universidade de Lourenço Marques
I – Estrutura, biossíntese e regulação
In: vol. 5: 109-141, 1970
II – Alguns aspectos normais e patológicos no organismo humano
In: vol. 5 (série B): 143-159, 1970.
III – Porfírias
In: vol. 7 (série B): 103-134, 1971.
Nota do Autor:
Foram mantidos, na íntegra, a organização do texto, conteúdo, e léxico técnico seguidos na
época.(1970-1971)
Clique aqui

Bioquímica da Informação Genética (LIVRO)

PREFÁCIO DA REEDIÇÃO-Sobre as Origens do Texto
O presente volume reedita as aulas de genética molecular que constituíram parte do programa da disciplina de Química Fisiológica que regi na Faculdade de Medicina da Universidade de Lourenço Marques, no ano lectivo de 1972 a 1973. Aquelas aulas foram reeditadas recentemente.A importância da descoberta da estrutura do ácido desoxirribonucleico, a progres-são quase geométrica dos conhecimentos sobre o fluxo e regulação da informação genética a que dera origem, e as perspectivas de aplicação extensivas à Medicina que já então se auguravam justificaram que então lhes desse particular destaque no programa do curso e consolidasse o seu ensino, sob a forma de um texto policopiado. Circunstâncias da vida pessoal (designadamente, a mobilização militar para uma área de intervenção no norte de Moçambique) não permitiram que aqueles apontamentos contivessem os esquemas definitivos nem algumas das figuras projectadas nas aulas. Decidi, portanto, proceder à sua reedição em livro, com os elementos em falta, aproveitando a oportunidade para evocar neste Prefácio numa base cronológica as principais fases do progresso mais relevantes desde então ocorridas no âmbito da Genética Molecular. A actual reedição mantém a disposição inicial do texto, organizado em oito capítulos:
1. Cromossomas, Genes e Hereditariedade; 2. Nucleótidos e Ácidos Nucleicos; 3. Conformação, Replicação, Reparação e Recombinação do Ácido Desoxirribonucleico; 4. Ácido Ribonucleico: Estrutura, Síntese e Transcrição Reversa; 5. Tradução da Informação Genética; 6. Código Genético; 7. Mecanismos de Regulação da Síntese Proteica; 8. Especulações sobre a Origem da Vida.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Viscosidade sanguínea- Antecedentes, Características e Importância

Cerca de seis mil anos depois das primeiras especulações dos nossos antepassados da
mais remota civilização conhecida, o esclarecimento mais concreto sobre as características
próprias do sangue começou a tomar forma há pouco mais de cento e cinquenta anos, depois de o circuito vascular ter sido clarificado há trezentos e cinquenta anos.O que hoje se conhece sobre a viscosidade sanguínea permite confirmar a sua importância clínica como um dos parâmetros potencialmente mais influentes na resistência periférica da circulação. São apresentadas as principais características do fluxo sanguíneo, os fundamentos da vicosimetria, a definição e diferenças relativas entre a viscosidade do sangue total, plasma e soro e os principais equipamentos utilizados para a respectiva determinação laboratorial.

Factores de Risco Cardiovascular:Componentes Hemorreológicos e Hemostasiológicos

A origem e objectivos primordiais do Projecto Framingham são analisados a par com o conceito de factor de risco cardiovascular. São referidos os factores de risco tradicionais (dislipidemia, hipertensão arterial, tabagismo, diabetes e intolerância à glicose, idade, sexo masculino, antecedentes familiares de doença cardiovascular, obesidade) e indicados outros factores predisponentes e biomarcadores (em circulação, físicos, morfológicos e genómicos) de doença cardiovascular. Deste conjunto é realçada a importância de alguns factores hemorreológicos e hemostasiológicos como predizentes e ou indicadores da doença aterosclerótica e eventos cardiovasculares resultantes. As dificuldades ainda verificadas na definição do risco cardiovascular resultam da aglutinação sob a mesma designação, de diferentes anomalias, de metodologias sugeridas no mesmo estudo, e das diferentes repercussões que uma dada situação pode ter nos sectores vasculares diferentes. Adicionalmente diferentes factores de risco ou biomarcadores representam aspectos singulares, enquanto outros identificam agregados de indicadores, de vias fisiopatológicas ou etiológicas. A futura identificação genómica e ou proteómica dos mecanismos de doença cardiovascular contribuirá decerto para o esclarecimento da situação.
Clique aqui

Efeitos Hipolipemiantes Pleiotrópicos das Estatinas

As estatinas actuam através da inibição da enzima moduladora da biossíntese do colesterol, de que resulta um efeito hipolipemiante comum, com redução da colesterolemia e do nível sérico do colesterol e das lipoproteínas de baixa densidade (LDL). A par daquela acção, as estatinas originam efeitos adicionais secundários à inibição da síntese de isoprenoides, independentes da inibição da biossíntese do colesterol. Entre estes efeitos observados (in vitro, em modelos animais e na clínica), destacam-se as seguintes: modulação da função endotelial, remodelação da parede vascular, estabilização e reversão da lesão aterosclerótica, redução da área de enfarte e cardioprotecção, acções anti-inflamatória, anti-oxidante e antiimunitária, modulação da angiogénese, acção anti-trombótica, prevenção e redução da doença isquémica e redução de todas as causas de mortalidade. Na sua essência, os efeitos pleiotrópicos das estatinas afectam mecanismos que influenciam a estabilidade da placa de ateroma, além de revelarem outras potencialidades de aplicação clínica mais alargada. A tendência actual vai no sentido de recomendar ensaios clínicos mais aprofundados sobre os efeitos adicionais das estatinas, de modo a esclarecer diferenças de acção e repercussões antagónicas dose-dependentes, antes da sua utilização clínica em doentes com normocolestererolemia e outras patologias que eventualmente beneficiem daqueles efeitos.

Endotélio Arterial e Aterotrombogénese

II - Disfunção endotelial e desenvolvimento das lesões aterotrombóticas

Quando prevalecem os factores de risco cardiovascular, o fenotipo endotelial evolui para um estado disfuncional sistémico caracterizado por diminuição da vasodilatação endotelial- dependente e pela expressão de sinais pró-inflamatórios, pró-coagulantes, próoxidantes
e proliferativos. No conjunto, aquelas alterações originam anomalias da perfusão, favorecem o desenvolvimento e progressão da aterosclerose, e estão na origem de eventos cardiovasculares de natureza aterotrombótica. Há evidência de que a disfunção endotelial é um factor predizente de risco e prognóstico dos eventos cardiovasculares, o que torna muito recomendável a caracterização do estado da função endotelial em todos os indivíduos susceptíveis, como medida preventiva da doença aterosclerótica e ou para orientação e acompanhamento de terapêuticas antiaterogénicas e das complicações aterotrombóticas.
Clique aqui

Endotélio Arterial e Aterotrombogénese

I - Intervenção do endotélio intacto na homeostasia vascular e sanguínea

O endotélio normal constitui uma barreira física e biológica entre o sangue e a parede vascular, que actua também como sensor e transductor de diversos factores endógenos e exógenos influentes na modulação da circulação sanguínea. A função endotelial em dado indivíduo e momento reflecte o equilíbrio entre factores de risco cardiovascular, predisposição genética e mecanismos vasculo-protectores. Nestes mecanismos tem acção predominante a disponibilidade e actividade do monóxido de óxido (NO) derivado do endotélio. Adicionalmente, outras substâncias vasoactivas sintetizadas na parede vascular e/ou pelos
elementos celulares do sangue também afectam o comportamento da interface sangue-endotélio. A vasomotricidade depende do equilíbrio entre substâncias vasodilatoras (em
que se destaca a prostaciclina) e vasoconstritores (principalmente a endotelina-1 e, também, a angiotensina II). O equilíbrio coagulação-anticoagulação/fibrinólise é também afectado por diversos tipos de proteínas específicas. São analisados os principais mecanismos de acção dos factores indicados, de que depende a fluidez sanguínea em condições normais e na presença de endotélio intacto. É feita referência a potenciais anomalias, a analisar na parte II desta revisão.
Clique aqui

Dieta, Aterosclerose e Complicações

Admite-se que as características morfológicas e funcionais do endotélio vascular possam ser afectados pelos constituintes absorvidos da dieta. A exposição sustentada a determinados componentes adversos poderá constituir um risco de disfunção endotelial, evidenciado pela
diminuição de mediadores anti-trombóticos, anti-oxidantes, anti-inflamatórios e vasodilatadores periféricos, que constitui também um primeiro passo para a instalação
da aterosclerose. Entre os principais mecanismos propostos destaca-se o efeito pró-inflamatório e próoxidante do excesso de colesterol na função endotelial, em contraste com o efeito aparentemente benéfico dos ácidos gordos mono-insaturados e os resultados mais
contraditórios induzidos pelos ácidos gordos poli-insaturados.
Clique aqui

domingo, 25 de julho de 2010

Principais Métodos de Quantificação em Hemorreologia

São revistos os principais métodos de quantificação e equipamentos mais utilizados
em estudos de hemorreologia clínica.
Clique aqui